Pedro Crispim é desde 2020 uma das principais caras dos reality shows da TVI.
Com um percurso de sucesso ligado à moda, Pedro Crispim tornou-se nos últimos anos numa presença acarinhada pelo público do “Big Brother“, da TVI.
Em entrevista exclusiva a Cândido Pereira para o DONC, o conhecido ‘rei da bobage’ falou sobre a sua infância marcada pelo bullying e a forma como a moda entrou na sua vida.
Como descreve o Pedro Crispim?
Não o consigo fazer! Tenho consciência do meu feitio, do que me estimula ou não nesta fase da vida. Mas, encontro-me num processo de autoconhecimento que vai ser até ao final. Logo, a construção da pessoa que sou será permanente. Não fico preso a nada do que já me fez sentido no passado, mas que no presente já não me nutra. Nesta altura tenho alguns compromissos ( como todas as pessoa ) mas o principal será sempre comigo mesmo e com o meu bem estar.
É sabido que a sua Infância não foi das mais felizes devido aos episódios de bullying. Como se tem força para não desistir e seguir em frente?
Existe um desistir daquilo que teima em intoxicar e prender, como o sentimento de injustiça, raiva e frustração. Só assim consegui seguir em frente, sabendo que por um lado seria mais fácil ficar ali, em círculos naquele momento da minha caminhada, mas. Mas decidi que embora faça parte de quem sou, aquelas pessoas, palavras, ações e emoções, não me poderiam nunca resumir. Eu sabia que o Mundo era mais do que aquilo, só podia ser. E de facto tinha razão!
Achas que a tua educação vinda de casa foi muito importante nessa fase?
Continua a ser a principal bússola, e os meus pais os meus arquitectos. Mas, numa determinada fase da juventude, este foi um processo solitariamente doloroso, pois estava a tentar decifrar-me, conhecer-me, enquanto procurava respostas.
A obesidade foi outro problema na sua infância/adolescência. Perdeu cerca de 30KG em cerca de 1 ano. Sentiu que era preciso para encontrar paz?
Sim, senti que depois de iniciar o processo de conhecimento, me fazia sentido cuidar de mim como um todo, esse foi o início. A consciência de que precisava reconstruir-me depois de me terem muitas vezes deitado ao chão, foi fundamental, pois não tinha muitas hipóteses, ou ficava ali caído, ou levantava-me e seguia em frente, mais forte e muito mais seguro.
A moda entra em que momento da sua vida?
Como em todas as outras oportunidades até hoje, fui eu que fui atrás da moda, tinha na altura dezassete anos. como sabes passado por um início de juventude complicado devido ao bullying na escola, e pelo meio perdi 30 quilos. Pois a comida antes era algo muito emocional para mim. Nesta realidade em que me estava a conhecer como pessoa e a conhecer o meu novo corpo, achei que um curso de manequim podia valorizar-me. E foi este o início.
Na altura ao dizer que a sua carreira seria no mundo da moda como foi a reação da sua família e daqueles que lhe eram mais próximos?
Foi a minha mãe a levar-me ao primeiro casting em Lisboa. Foram eles a investir a primeira vez que fui tentar a sorte para Milão em 1999. Sempre me encorajaram! Ainda hoje, os meus pais são os meus maiores fãs.
Qual a sua maior inspiração na moda?
A minha mãe, o seu bom gosto e sentido estético sempre foram referências para mim. Desde miúdo que passava horas no closet da minha mãe!
A uma dada altura do seu caminho chega a oportunidade da televisão, acredita que foi crucial para a sua carreira?
Sim! A televisão surgiu de forma inesperada, num casting, tinha eu 24 anos. Como manequim já pouco acontecia na minha agenda e nessa altura estava a trabalhar como vitrinista para uma marca de retalho têxtil a tempo inteiro, em Portugal e Espanha. O primeiro projecto foi o Esquadrão G, e surgiu como um furacão gostoso que me revolucionou a vida. Nunca equacionei fazer televisão antes. Sinceramente era algo demasiado distante, não tinha noção nenhuma quando comecei a passar nos castings, fui sem qualquer preparação para o que vinha lá. Serei eternamente grato a esse primeiro projecto, a toda a equipa e claro, ao canal.
Vê-se que é feliz a comentar o Big Brother já alguma vez pensou em entrar num reality show? Se sim porquê e se não também porquê?
Só estou em algum projecto televisivo, se me orgulhar deste, se me divertir e for feliz, de outra forma não me faz sentido. Sinto-me pleno a comunicar, seja em que papel ou projecto for. Acredito piamente que seja um fantástico comentador, tenho noção de entretenimento, daquilo que devo acrescentar e do timing com que o devo fazer.
Mas, embora respeite muito quem se inscreva como concorrente num reality, pessoalmente nunca tive qualquer curiosidade nessa experiência . De forma geral não gosto suficientemente de pessoas para estar fechado numa casa com elas, sem ter a minha privacidade, pois a solidão e silêncio são vitais para o meu equilibro. Se em casa raramente recebo visitas imagina…
De facto o meu espaço é sagrado, é onde sinto segurança para me renovar. Para alem de que acredito que nem todos os bons jogadores venham a ser bons comentadores e vice versa.
Projetos para o futuro?
Em moda, continuo com o meu Atelier de serviços e formação, de styling, consultoria criativa de marcas de calçado, roupa e fardamento. Estou agenciado como manequim na Face Models, e a nível digital na MAGG Agency.
Em televisão não tenho planos, aliás nesta indústria cada vez trabalho mais ao dia. Hoje existe, óptimo, amanhã logo se vê. E sabes que encontro uma calmaria nessa assimetria? Sinto-me livre, ninguém tem que levar comigo por obrigação, e por outro lado, o bom disso é que também eu posso selecionar aquilo que me faz sentido ou não dependendo da minha vida. Ninguém está preso a ninguém. Quando acontecem projectos em que o meu perfil seja interessante para o canal, e que este seja igualmente estimulante para mim, fantástico. Cá estamos para fazer bem feito. A vida é muito mais bonita e genuína quando somos livres, estamos enquanto acreditamos e nos acrescenta, assim como nas relações humanas.
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